A Importância do Turismo Cultural

Por: Ana Carla Nunes*                         
Atualmente, o turismo cultural vem sendo discutido, por permitir mudanças nas motivações das viagens e no olhar do visitante em relação aos roteiros. Esse segmento consolidou-se no Brasil por apresentar condições favoráveis a sua prática. De acordo com o Ministério do Turismo (2008), o turismo cultural ocupa o terceiro lugar nas preferências dos visitantes no Brasil, perdendo apenas para o Ecoturismo e o turismo de aventuras.

Voltando na história percebe-se que esta busca pelo conhecimento, no entanto, já aconteceu em outro momento da humanidade, mais precisamente no século XVI e na própria formação social de nossas civilizações. Magnavita (2007) explica que: No Século XVI começa o incentivo a viagens particulares – não oficiais. Escolas passaram a organizar viagens para seus alunos, acompanhados de um professor, como forma de complementação de estudos. Não se pode falar propriamente em turismo, mas, sim, em tours, viagens de ida e volta, para alunos de classes privilegiadas, onde só participavam homens. Como não trabalhavam os jovens aristocratas, viajavam quanto queriam e podiam. Em geral, tinham a duração aproximada de três anos.

A busca cultural e a troca de valores sempre foram fatores que determinaram as viagens nos séculos passados, sobretudo no século XVII, e isso foi tornando-se um habito das classes privilegiadas da Europa, neste período até os dias atuais. Não se pode negar a importância desse período para firmação do Turismo Cultural na Europa, onde as viagens eram feitas pela necessidade de auto-afirmação social ou na busca por conhecimento, a cerca dos roteiros que permitissem maior contato com a cultura e história das civilizações.

Atualmente no Brasil, sobretudo nas cidades históricas, o turismo cultural utiliza da educação patrimonial para se desenvolver, possibilitando a preservação do patrimônio material e imaterial dos espaços a serem visitados, contribuindo assim para que um novo olhar de preservação permita que novas gerações conheçam o passado das comunidades, aliado a isso propõe que políticas de interpretação do Patrimônio sejam aplicadas com eficiência nas localidades onde é possível praticar o Turismo Cultural, assegurando que a preservação aconteça por parte dos visitantes e moradores.

(...) antes de ensinar uma comunidade a preservar (o patrimônio) é necessário dar-lhe condições dignas de vida. Ou seja, de nada valerá tombar e preservar um patrimônio sem antes conscientizar a comunidade local da relevância de se conservar aquele bem em prol das gerações futuras.

Um dos propósitos da política do patrimônio cultural é não apenas a apropriação de bens culturais em nome da “nação” (...), mas a devolução desses bens aos seus autênticos proprietários: as comunidades locais.

Assim a educação patrimonial seria uma alternativa eficaz para preservação dos bens, com o desenvolvimento do turismo Cultural nas Cidades Brasileiras, Este cuidado, e esta reunião de idéias aliadas a planejamentos nas diversas camadas (setores públicos e privados), poderiam vir a desenvolver um olhar de preservação ainda maior tanto para os visitantes quanto para a comunidade a ser visitada, como afirma Reijane Mira:
"A atividade turística tem sido responsável, especialmente através do turismo cultural e do ecoturismo pela criação de uma mentalidade preservacionista do patrimônio. Esse papel, no entanto, tem sido bem recente, já que o turismo foi também o responsável pela degradação de muitos destinos"
Esta noção de preservação tem garantido que nos últimos anos a educação patrimonial venha obtendo visibilidade em diversos setores, com isso a atividade turística no Brasil que, em outrora, era comercializada apenas sob o aspecto da valorização dos patrimônios naturais, hoje recebe a preocupação necessária dos órgãos responsáveis por cultura, patrimônio e turismo.

Com esta junção de turismo e cultura, dá a possibilidade de mudar os roteiros de visitação e, de certa forma, o perfil de visitantes, que se deslocam em busca de novas motivações. Aliás, este diferencial, segundo a Embratur, define a atividade cultural como “da motivação do turista em deslocar-se, especialmente com a finalidade de vivenciar aspectos e situações, que podem ser particularidades da cultura.” Entretanto o conceito trazido pelo Ministério do Turismo é amplo e determina que:
Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura

Esta relação trazida pelo turismo cultural permite que os visitantes desloquem-se com a motivação de enriquecer-se culturalmente, seja através da historia dos lugares ou da contemplação e significado dos patrimônios ou dos festejos dessas localidades, no Brasil, por exemplo, temos como roteiro cultural a cidade de Ouro Preto (MG), que foi reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela importância e imponência do seu acervo arquitetônico e artístico barroco, com destaque para as criações de Aleijadinho e Mestre Athaíde.

A troca de conhecimento que estas viagens permitem está novamente associada a relação entre turismo e cultura, onde quem sai lucrando é a comunidade receptora, que passa a ser um atrativo turístico, já que algumas políticas publicas de planejamento e investimento começam a ser direcionadas para o espaço, o mesmo tem sua memória (geralmente quinhentista, e formada por três etnias que compuseram nossos legados culturais) devidamente preservadas e repassadas e o melhor, ela começa a ter a noção exata de sustentabilidade através da prática do turismo, possibilitando a geração de renda e emprego, que começam a acontecer com o aparecimento destes visitantes.

LEITURAS RECOMENDADAS:

-BARRETTO, Margarita. Turismo e legado cultural. Campinas: Papirus, 2000
-DELUQUI, Mônica. Cultura Brasileira e Bens Imateriais. n.8. 2007. Disponível em http://www.fatorbrasis.org/node/42 Acesso em 12/10/2007
-PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, Cultura e Turismo. 2ed.. Campinas: Papirus, 2000
-TURISMO cultural novos viajantes novas descobertas Brian Goode) .Apostila
-TURISMO. Bahia Analise & Dados. Salvador: SEI. Disponível em: http://wi.sei.ba.gov.br/publicacoes/publicacoes_sei/bahia_analise/analise_dados/pdf/turismo/pag_169.pdf .Acesso 12/11/2007

Sobre a autora
*Ana Carla Nunes é turismóloga, Pós graduanda em Docência e Mestranda em Ciências Socias, e atualmente possui um blog, o Festas da Bahia. Faça uma visita ao Blog e saiba mais sobre as festas da Bahia.